Entre piruetas, bailarinos revelam no Twitter mundo do balé
Postado por dalmo_batateira Marcadores: RevistaTwitterNo rarefeito mundo do balé, no qual a expectativa é a de que os bailarinos falem por meio de seus corpos, parece que distanciamento é algo a que aspirar. Mas os laços estão se afrouxando, recentemente. Graças ao Twitter, os bailarinos começam a se fazer ouvir, e os comentários estão longe de etéreos.
"Oi, meu nome é Devin, e sou viciado em ressonância magnética".
"De novo tirei dois dias de folga esta semana. Meu corpo está um caos. Estou no quiroprático para um tratamento, agora".
"O que vocês não sabem é que tomei um tombo no ensaio geral sexta. Torci o pé e não acabei. Quinta foi a primeira vez que dancei a coreografia toda".
"Pelo amor de Deus, não quero engordar".
Kristin Sloan, antiga integrante do City Ballet e hoje diretora de uma produtora de vídeo, foi pioneira da tendência com seu site, thewinger.com, com imagens de bastidores, estúdios de ensaio e turnês registradas por bailarinos.
Foi um grande passo adiante para o balé, há muito visto como uma atividade de elite, etérea e que parece transcorrer sob uma redoma. A escalação de elencos é um processo muito sigiloso, e os motivos para que um dançarino ¿ famoso ou não- fique fora dos palcos raramente são divulgados. Mas quando um bailarino mesmo registra suas lesões, como Morgan antes de sua estreia em A Bela Adormecida, na temporada passada, o poder fica com ele. Morgan não estava segura de que conseguiria dançar o papel de Aurora até duas semanas antes da estreia. Ela comunicou via Twitter o cancelamento de sua presença em outro espetáculo, e garantiu aos seguidores que estava preservando seu pé lesionado ¿ "muito frustrada, mas sei que é o melhor" -, e mostrava os progressos do tratamento em fotos distribuídas via TwitPic.
Morgan diz que não viu motivos para manter segredo nem mesmo sobre partes difíceis de sua carreira. ¿Quando eu era mais nova, queria sempre saber o que os bailarinos estavam fazendo¿, ela declarou em entrevista. "Teria adorado dispor do Twitter para ler sobre o que acontece em seu dia-a-dia, e não só nos espetáculos. Achei que essa seria uma boa maneira de divulgar o balé".
Bouder, uma das principais estrelas do City Ballet, tem uma presença internacional crescente, que atribui em parte a conexões realizadas via Twitter e Facebook. Para ela, a mídia social é uma forma importante de manter contatos fora do ambiente do balé. "Não somos celebridades como os atores que sempre estão nas revistas", disse. "Esse é o principal motivo para que as pessoas se interessem. Ficam sabendo de todos os podres, e aprendem a conhecer aquela pessoa, e a gostar dela; no mundo da dança, somos mais rostos que personalidades".
Com frequência cada vez maior, nos últimos meses, Bouder vem revelando aspectos de sua vida pessoal ¿se mudou recentemente para Chelsea, tem um cachorro chamado Scout, é amiga do cantor Rufus Wainwright ¿ mas sua especialidade são mensagens de Twitter ao vivo nos intervalos. "Achei que seria superinteressante ver como alguém se sente no meio de uma apresentação".
E, de fato, no meio do balé, ela avaliou a apresentação via Twitter, de seu camarim: "Ato 2, Odette OK. Dores ligeiras nos pés. Yuck. Odile agora. Sexy mas maligna".
Já no intervalo de A Bela Adormecida, ela avaliou o espetáculo com a mensagem: "Intervalo = pés pra cima. Adágio de Rose bom. Boa visão. Despertar e ato 3 em seguida".
(Para quem não conhece o jargão do balé, em O Lago dos Cisnes a mesma bailarina interpreta Odette e Odile; o adágio de Rose exige muitas posturas difíceis em ponta. Visão e despertar são cenas da coreografia).
A técnica de Bouder é tão boa que a menos que caia no palco ¿ o que já aconteceu, porque é uma bailarina ousada -, o espectador pode enfrentar dificuldades para compreender por que ela classificou o próprio solo como "nhé". A tática dela não é fazer que os seguidores do Twitter lamentem o que não viram, mas mostrar o que podem observar a mais.
Bouder acompanha outros bailarinos no Twitter. "Sabe quando você assiste alguma coisa e acha lindo, e depois lê a respeito e descobre que o bailarino achou só mais menos? É preciso pensar o que eles não gostaram a respeito, ou imaginar se, caso aquilo não seja bom, o que eles estariam fazendo se estivessem dançando bem".
The New York Times
Fonte:Terra
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