A força das pessoas comuns

Por ocasião de sua passagem por Brasília no mês passado, o especialista Sam Graham Felsen falou sobre suas experiências aos seus fãs brasileiros, como Leandro Ladeira, 24 anos. Formado em publicidade e propaganda há dois anos, Ladeira planeja aprimorar os conhecimentos em marketing político e no uso das mídias sociais. A convite da reportagem, Felsen respondeu às dúvidas do blogueiro brasileiro. Confira os principais trechos da entrevista:

Pergunta – Como você fez para que Obama apostasse nessa ideia antes da campanha?

Sam Graham Felsen –
 As pessoas pensam que Twitter é apenas para contar o que você fez no seu café da manhã, ou que o Facebook serve somente para interagir com os amigos. Sociedades organizadas podem fazer a diferença por meio da internet. Obama percebeu isso e apostou na ideia. Ele, como cliente, acreditou no potencial das pessoas, e eu prestei a consultoria para o trabalho.

Pergunta – Até que ponto a imagem de Obama colaborou para o sucesso da campanha?

Felsen –
 Não há dúvida alguma de que Obama foi um candidato muito especial. Mas não foi só isso. Ele acreditou que as pessoas comuns poderiam promover mudanças significativas. O fato de ele acreditar nisso e deixar as pessoas fazerem a diferença culminou em uma campanha muito bem-sucedida.

Pergunta – Qual estratégia você utilizou para que Obama participasse de diversas comunidades sociais?

Felsen –
 Primeiro, identificar as pessoas que já estavam entusiasmadas com ele: nossos voluntários, aqueles que estavam à frente do nosso movimento, os das organizações de base e aqueles que tiveram interesse nele desde o início. No início, não deu muito certo, pois as pessoas não conheciam Obama. Mas esses apoiadores conseguiram mostrar por que esse candidato era tão especial. Demos ferramentas para que fossem de porta em porta muito antes da eleição. Em junho de 2007, quase um ano e meio antes das eleições, havia voluntários em todas as portas dos americanos e em diversas comunidades. Apenas demos as ferramentas, e eles fizeram tudo sozinhos.

Pergunta – Nos EUA, há uma área específica que ensine essa nova mídia?

Felsen –
 Cada vez mais universidades estão ensinando essa metodologia. Afinal, ela não pode ser utilizada apenas na política, mas em ONGs e em empresas. Muitas organizações estão utilizando as redes para promover os seus produtos. No entanto, acho que vocês (jovens) entendem as mídias sociais melhor que os professores.

Pergunta – Como foi o assédio para que você trabalhasse nas empresas? Como foi o pós-campanha?

Felsen –
 Trabalhei muito em empresas e organizações para ajudá-las a disseminar suas mensagens por meio das redes sociais. No ano passado, passei a fazer parte de uma nova ONG chamada Aliança para os Movimentos Jovens. Estamos apoiando ativistas jovens pelo mundo que utilizam a mídia social para criar ou gerar mudanças sociais.

Ladeira – Aqui no Brasil, ainda existe uma mentalidade de que investir na internet é barato. Como foi o investimento para publicidade online na campanha do Obama?

Felsen – No início, o percentual de investimento foi muito pequeno. No final, já tínhamos US$ 500 milhões. Para se ter uma ideia do crescimento, nós começamos com uma equipe muito pequena, de 10 pessoas. No fim da campanha, quando provamos a força da mídia social, tínhamos uma equipe de cem profissionais.

Pergunta – Os blogs, muitas vezes, são vistos como objetos amadores, de diversão. Quando eles se tornam um trabalho ?

Felsen –
 Nos EUA, muitos dos jornais e revistas famosos recrutaram blogueiros para trabalharem para eles. Então, parte da resposta é: quando eles começam a ser pagos, começam a ser profissionais. Mas acho que tem mais a ver com o fato de eles estarem sendo levados a sério por outros profissionais da mídia.

Pergunta – E quando se começa a ganhar dinheiro com essa prática?

Felsen –
 Ninguém vai apoiá-lo profissionalmente se não achar que há um interesse verdadeiro no seu trabalho. Se tiver um público interessante e mil pessoas te seguindo no Twitter, por exemplo, é possível mostrar que elas acreditam naquilo que você faz. Aí, você começa a ganhar dinheiro.

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