Especial IT Web 10 anos: o futuro das redes sociais

Troca de informações e relacionamento na internet é o começo de transformação, mas evolução pode ser limitada pela perda da privacidade

As redes sociais (leia especial) tem futuro. Se em 2009 elas caíram no gosto de pessoas e empresas ao redor do mundo, a próxima década promete uma evolução nas facilidades oferecidas e na integração dessas mídias digitais ao nosso cotidiano. Algo muito além da facilidade de conexão pelo celular que temos hoje. "Devem surgir novos serviços, levando adiante a agregação de valor e a localização no sentido do foco geográfico facilitado", aponta a doutora em comunicação pela Universidade Católica de Pelotas e criadora do sitewww.pontomidia.com.br, Raquel Recuero.

Determinar o lugar onde estamos, o que estamos fazendo e nossa opinião sobre isso parece ser uma das tendências concretas para os próximos anos. Não é por acaso que sites como o Foursquare e Gowall, Brightkite eYelp têm conseguido adeptos a cada dia. Usá-los parece natural do nosso jeito digital de ser. "Algumas das primeiras comunidades criadas no Orkut, lá em 2004, eram relacionadas a lugares - bares, praias, cidades etc. -, essa ‘tradução" é fundamental para a nossa própria compreensão do social", destaca Raquel.

É interessante relembrar o passado para prever o futuro. Atualmente, as redes sociais são sucesso no mundo todo. O Facebook tem mais de 400 milhões de usuários. O Twitter virou a plataforma preferida de comunicação de pessoas desconhecidas, celebridades, programas de TV e políticos. O Orkut é quase sinônimo de experiência digital para quase 30 milhões de internautas brasileiros. Encontrar alguém para elogiar ou criticá-las é tão fácil como esbarrar em um comentarista de futebol na esquina.

Prever é para poucos
Poucos que falam sobre o assunto previram o boom das redes sociais. Há dez anos, a internet vivia o descrédito da bolha pontocom e institutos de pesquisa de mercado estavam preocupados com a segunda onda do ERP ou a venda de PCs sem marca. Enquanto isto, startups como o Classmates, SixDegrees, AsianAvenue, BlackPlanet e MiGente lutavam para provar que o modelo de relacionamento digital poderia vingar.

Esses verdadeiros embriões das redes que conhecemos hoje passaram despercebidos pela maioria das pessoas. Só alguns poucos especialistas em comunicação e amantes de tecnologia vislumbraram a transformação radical que viria nos próximos anos. Raquel, por exemplo, começou a estudar a mudança do meio digital na sociabilidade em 1998.

"Sabíamos que a internet teria um impacto forte nos modos de relacionamentos humanos, já que é uma ferramenta de comunicação", lembra. Embora o resultado exato não fosse visível, os sinais foram percebidos e divulgados. É na credibilidade desses especialistas que podemos nos apoiar para prever a próxima década das redes sociais.

São mentes que conseguem enxergar uma tendência em um simples comentário sobre chuva ou engarrafamento no Twitter. "Tudo que faz sentido localmente é um sinal do futuro das redes sociais, só que ampliado", explica o professor de comunicação da Universidade Federal da Bahia e pesquisador de cibercultura, André Lemos.

Para ele, essa necessidade de publicar nossas opiniões em redes de informação digital irá ganhar os espaços públicos. "Em viagens, iremos deixar nossas impressões sobre um monumento e outra pessoa irá visualizar aquilo por meio de um dispositivo e softwares específicos que misturam códigos de diversos sistemas", diz. São os widgets promovendo outro dos caminhos das redes sociais, a realidade aumentada (Augmented reality - AR).

A internet das coisas
Hoje, isso só é visível em algumas ações de marketing de empresas pioneiras. Mas essa alteração do mundo físico mediada pela tecnologia promete mudar a forma como enxergamos o mundo. Não é exagero. Alguns exemplos podem ser vistos em videos do projeto Recognizr ou naAR que a montadora GM vem pesquisando .

Se as mídias sociais podem migrar para o chamado aparelho urbano (prédios, monumentos, semáforos, pontos de ônibus etc), isto significa que elas podem estar em tudo. Essa é a outra tendência dos nossos queridos sites de relacionamento e troca de informações. Eles farão parte da "internet das coisas". Neste futuro, qualquer objeto que possa ter capacidade de abrigar um emissor de radiofrequência e um sensor é capaz de se comunicar.

Mas ainda é um cenário distante. Para vermos isso, a internet terá de evoluir na sua capacidade. Hoje, a quantidade de domínios (o endereço que recebemos ao nos conectar) disponíveis está perto do limite de 4 bilhões de combinações. Para ampliar isso, já que cada objeto conectado ganhará um desses números, o protocolo IPV6 é tido como o caminho mais seguro. Com ele, o total de endereços pula para o número astronômico de 3,4x10 elevado a 38.

O aumento de tráfego gerado pelas ‘coisas" não dever ser problema. "Elas geram um pequeno volume e a infraestrutura vem evoluindo para as fibras ópticas, que farão esse futuro crescer na medida certa", argumenta o diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e considerado um dos "pais" da internet no Brasil, Demi Getschko.

Para ele, há uma evolução clara nisso tudo. "Cada vez mais precisaremos de menor conhecimento técnico para aproveitar a internet", diz. É a facilidade de uso definindo a evolução de qualquer novidade nas redes sociais. Seja na internet com cada vez mais coisas ou na internet com cada vez mais pessoas. Tudo em redes.

O lado sombrio
Com esse futuro brilhante pela frente, as redes sociais continuarão a seduzir companhias que pretendem se relacionar com seus consumidores e ampliar as vendas. Mas a hipercomercialização da sociabilidade pode ter consequências desagradáveis. As empresas saberão quando os consumidores estão com dívidas. Podem surgir daí ações de cobrança ou proibição de uso, alertam os especialistas. Governos autoritários poderão coletar informações sobre cidadãos e adversários políticos e criar vigilância online.

Com todos publicando o que fazem e o que sentem, a intimidade se torna de domínio geral. E, já que não é possível confiar nas boas intenções de todos os envolvidos, um futuro de espreita e punição não seria algo descartável. "Parece que não há uma medida potencial do problema que isso possa criar até quando, efetivamente, gerar um. E, aí, pode ser tarde", comenta o advogado e diretor do Instituto Brasileiro de Direito da Informática, Omar Kaminski.

Ele, que é um usuário de redes digitais, aponta que o futuro deste modelo nos próximos anos será marcado por discussões sobre o limite da privacidade e do uso de dados pessoais para comércio e ações do governo. "Creio que isto passe muito mais pela educação e conscientização do que pela tutela estatal e criação de leis específicas", argumenta. Ou seja, se o futuro tem aspectos sombrios, há sempre uma luz no caminho. Até porque, dizem os especialistas, se o usuário sentir desconforto nas redes sociais, ele simplesmente abandonará tudo e elas serão parte do passado. Apenas mais uma bolha tecnológica com boas histórias sobre seu futuro.

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Há dez anos, nascia o portal de notícias de tecnologia e telecomunicações IT Web. Para comemorar a data, diversas reportagens serão publicadas ao longo do mês de abril com objetivo de, mais que fazer uma retrospectiva, analisar as mudanças pelas quais o mundo e os negócios passaram, além de apontar tendências que podem trilhar a próxima década da internet. Acompanhe o especial!

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